Os que as mulheres fazem…

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Eu tenho vontade de te ligar, e te dizer pra vir. Não é isso o que as mulheres fazem, desistir de suas promessas de serem firmes? Então eu escrevo… E escrevo… Até sentir que um pouco do que eu sinto se acalmou aqui dentro. Porque eu assisto um filme, ouço uma música, e tenho vontade de te ligar. Porque eu fico sozinha à noite, quando todos vão dormir e a minha insônia insiste em fazer parte, e eu tenho vontade de te ligar, pra conversar, como a gente faz. Mas não se engane, é mais solidão do que amor! É mais desejo, carência, vontade de se sentir por cima. É o que me faz bem na calmaria das nossas risadas, sem nenhuma intenção. Ou más intenções. E isso me faz lembrar da vontade de te ligar, e te dizer pra vir.

Eu conheci um novo cara e ele parece ótimo. Também perdemos horas em conversas sobre qualquer coisa. Eu poderia, talvez, ligar pra ele um dia. Mas ainda é cedo. E quando penso nisso, e no tempo que se leva para conhecer alguém, e ligar… Eu tenho vontade de ligar pra você de novo!

Hoje eu chorei, e eu preferia ter gargalhado ao seu lado. Eu ainda estou ignorando aquele filme que combinamos de ver juntos. Vai que você volta, vai que você quer assisti-lo, vai que se magoa por eu não ter lhe esperado. Mas, na verdade, eu não lhe espero! Apenas tenho vontade de te ligar quando me sinto sozinha.

Na verdade, é melhor que você não venha! E é por isso que não te ligo. Porque seu silêncio me parece a coisa certa a fazer. Sabendo que você pode ser o que eu costumo chamar de perigo. E eu não estou muito afim de correr riscos nesse momento.

Mas eu tenho vontade que você me ligue, e que pergunte se pode vir… Vai que eu digo não, ou que eu jogue tudo pro lado e diga que sim. Não é isso o que as mulheres fazem, se arriscar?

 

“Eu procurei em outros corpos encontrar você
Eu procurei um bom motivo pra não, pra não falar
Procurei me manter afastado
Mas você me conhece eu faço tudo errado, tudo errado”

(Charlie Brown Jr – Só Por Uma Noite)

*Fotografia Pitty Leone, revista Inked, por Daniel Aratangy

Deixa passar…

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Você acha que eu queria algo com você? Não queria! O que eu queria era te oferecer minha companhia nesses nossos momentos de carência. Porque eles sempre chegam! E aí a gente inventa que está apaixonado por um serzinho qualquer que não tá nem aí pra gente.

Eu queria te oferecer meus cafunés e a liberdade de ter carinho sem compromisso, sem ter que tirar mil conclusões sobre o estágio de relação que temos ou teremos.

Mas aí você resolveu achar que eu tava apaixonada. E resolveu ser um desses serzinhos que não tão nem aí pra mim. Você acha que eu me espanto? Não me espanto! Eu sempre soube exatamente o cara que você é. Do tipo que quer amar, mas morre de medo de se entregar de fato. E quer saber? Foda-se!

O que eu to tentando te dizer não é que você é o idiota que eu tentava acreditar que não seria, mas, sim, que você é o idiota que se sabota pra não viver nada mais que relações platônicas e superficiais. Como eu sempre soube que você era.

E foda-se mesmo assim. Você não está pronto! Eu não estou pronta! Nós nunca estivemos prontos um para o outro e nem para esse amor lindo e ideal com que sonhamos. Temos calos demais para sermos essas pessoas de amores simples.

Nesse momento é como se eu pudesse acender um cigarro, pegar um copo de whisky e discorrer sobre como o amor é idiota. Só que eu não fumo! Não tomo whisky e sou uma idiota que sempre acredita num possível amor. Ou desacredita acreditando. Eu nunca mais soube o que pensar a respeito.

O fato é que você desperdiçou minhas noites de sono. Seja com mensagens, dúvidas, ou com sua ausência pequena em meio à minha carência absurda de sentir algo.

Você gosta do amor. Assim como eu. Mas nós não amamos tão facilmente.

Eu não sei o que você pensa de mim, mas você está errado! Você está errado em pensar que eu tô sendo verdadeira quando digo que não tem nenhum cara afim de mim, que eu não tô sozinha por escolha ou que eu talvez não seja uma mulher tão bacana assim.

Você tá errado em pensar que eu chorei por você, quando, na verdade, eu chorei de cansaço dessa ironia do universo em me jogar na cara que nada é tão fácil pra mim. Que o amor que eu busco simplesmente não existe. E que tudo o que eu quiser terá uma grande consequência pra me colocar, mais uma vez, entre a cruz e a espada.

Eu devia escolher a espada! Porque ser crucificada em vão não é tão é legal assim.

Antigamente, quando eu precisava sentir algo, eu simplesmente dava com a cara na parede. Me disfarçava na noite e fingia desapego. Hoje eu tô saturada demais pra fingir. E tô saturada demais de experiências como as suas.

Hoje eu prefiro sentar e esperar a vontade passar. A sede passar. A carência passar. O amor deixar de ser amor.

 

 

“Eu quero mais é te ver na pista da vida
Dançando sem parar
Eu quero mais é sumir com as pistas
De onde ele foi parar

Se ele não ligou, nunca te escreveu
Não vai prestar, chega aqui
E eu vou te falar o que você sempre quis ouvir
Deixa isso pra lá
Que isso não pode ficar assim
Põe um fim”

(5 a Seco – Deixe Estar)

São boas histórias e só

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Eu sei, e você sabe, que eu tô mentindo! Desculpe, mas eu me aproveito da situação mesmo. Você pode me culpar? Quando suas mãos fazem a volta em meus ombros e ficam ali, como se abraçassem uma jarra chique do armário da avó…? Você pensa que eu não sei? Eu sei fazer contas estranhas, lembra? Mas eu sei, e você sabe, que é só problema e palha queimando quando o vento dos sonhos platônicos resolve passar. Sonhos etílicos. Químicos. São boas histórias e só. Boas gargalhadas, bons filmes, boas bebidas… É a boa e velha ilusão do ideal. Suas boas mãos sobre meus ombros e esses beijinhos no topo da cabeça como quem diz: Você é uma boa menina, e eu gosto de você!

Eu também gosto de você! Assim, desse nosso jeitinho estranho de não querer saber o que é que a gente quer. É que a gente sonha com um amor, assim, leve. E aí a gente cria a ilusão de que por sonhar igual a gente poderia preencher alguns vazios juntos. Mas eu sei, e você sabe, que é só a gente inventando paixões novamente.

Então eu me aproveito e me derreto em seu carinho. E minto dizendo que a gente é isso e só. São boas gargalhadas, bons filmes, boas bebidas… E a gente fingindo não ver essa carência mútua que nos devora.

 

“Mantenha-se no escuro
Você sabe que todos fingem
Mantenha-se no escuro
E assim tudo começou”

(Foo Fighters – The Pretender)