São boas histórias e só

sorriso

Eu sei, e você sabe, que eu tô mentindo! Desculpe, mas eu me aproveito da situação mesmo. Você pode me culpar? Quando suas mãos fazem a volta em meus ombros e ficam ali, como se abraçassem uma jarra chique do armário da avó…? Você pensa que eu não sei? Eu sei fazer contas estranhas, lembra? Mas eu sei, e você sabe, que é só problema e palha queimando quando o vento dos sonhos platônicos resolve passar. Sonhos etílicos. Químicos. São boas histórias e só. Boas gargalhadas, bons filmes, boas bebidas… É a boa e velha ilusão do ideal. Suas boas mãos sobre meus ombros e esses beijinhos no topo da cabeça como quem diz: Você é uma boa menina, e eu gosto de você!

Eu também gosto de você! Assim, desse nosso jeitinho estranho de não querer saber o que é que a gente quer. É que a gente sonha com um amor, assim, leve. E aí a gente cria a ilusão de que por sonhar igual a gente poderia preencher alguns vazios juntos. Mas eu sei, e você sabe, que é só a gente inventando paixões novamente.

Então eu me aproveito e me derreto em seu carinho. E minto dizendo que a gente é isso e só. São boas gargalhadas, bons filmes, boas bebidas… E a gente fingindo não ver essa carência mútua que nos devora.

 

“Mantenha-se no escuro
Você sabe que todos fingem
Mantenha-se no escuro
E assim tudo começou”

(Foo Fighters – The Pretender)